A violência não cabe no universo
A violência não cabe no universo
10.04.2018
Sobre esses tristes acontecimentos que vêm assolando a nossa cidade, o que me choca é a confirmação da criminalidade nas mãos das crianças, mas ao mesmo tempo não me sinto refém do: “como pode?”.
Assisto a chegada de crianças no projeto, algumas já tão anestesiadas pelo descaso e a violência física e moral desde tão pequenas que, apesar do horror e crueldade desses acontecimentos, tudo isso parece uma inevitável decorrência.
Essas crianças não se reconhecem. “Sou o que dizem de mim”.
Se não sentem a própria presença no mundo, como podem perceber e respeitar a presença do outro?
Vivem da concretude de “ter” para tentarem “ser” através das coisas; e só das coisas...celulares, bonés de grife, bicicletas...
Primeiro passo:
Tirá-las da anestesia, torná-las sensíveis sobre si mesmas para em seguida perceberem o mundo. O resto é progresso, crescimento pessoal e o desejo de ser.
No projeto não há texto, discurso moral ou dogmas religiosos. É só arte. Mas não é a arte resumida em descoberta de talentos ou em produtores do “belo”. É a arte que nos acessa, que nos significa, que abre janelas para se ver, pensar, escutar...
A violência não cabe nesse universo.